quarta-feira, 6 de abril de 2022

Migrando minhas dores de outros blogues

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Minha vó

Não é a primeira vez que eu falo da minha avó, mas falei numa outra vida.
O que acontece é que ela tá me deixando e a sensação é de que o tempo não foi honesto comigo...o tempo nunca é honesto com ninguém mesmo, o que eu estava esperando? 
Sei lá, acho que sempre espero que o tempo me dê um pouco mais de tempo e desperdiço meu tempo, achando que ainda vou ter muito tempo.
A tempo, ainda tenho tempo pra mudar meu modo de ver o tempo.

Meu Deus, como você dói, seu desgraçado e impiedoso tempo. 



quinta-feira, 3 de abril de 2014

Vó,
E eu fiz planos, muitos planos pra nós. 
Sonhei alto achando que seria possível um dia pegar você e andar por aqui. Te levar até Paris só para ver a Torre Eiffel e rezar dentro da Notre Dame. Fiz planos de ir até Espinho mostrar a casa que você nasceu e que está tão modificada. Ir a Penacova, Coimbra, Porto, Lisboa. Passar o dia ouvindo as histórias da nossa família, gravar tudo, anotar, qualquer coisa estava bom. E eu sonhei um bocado que isso um dia seria possível.
A última coisa que ouvi você dizer foi no dia 31 de dezembro de 2013, numa ligação porcaria do Skype "fala pra ela do tempo aqui, como está calor". Depois a ligação caiu, eu tentei ligar, mas não consegui. Foi o que ficou e como uma fita de áudio velha, fica repetindo na minha cabeça o dia inteiro...foram as últimas palavras que ouvi. De lá para cá, são longos meses que você está aí nessa cama de hospital, tomando todos os medicamentos do universo para se manter viva e aquele meu sonho foi escoando pouco a pouco. Manteiga derretendo no sol...na verdade gelo que vai derretendo e não deixa nada além de um filete de água e logo evapora.
Às vezes eu rezo para que você morra logo e pare de sofrer...as vezes peço desesperadamente a Deus que segure até agosto.
As vezes tô quase dormindo e lembro da realidade que você está vivendo e sinto muita saudade, uma dor no peito que vai me atravessando toda e rasgando. Lembro da noite que eu estava vindo pra cá...você dizendo pra eu não me preocupar que tudo iria dar certo aqui. Lembro do conjunto azul que você vestia e quando fui lhe levar na portaria do prédio pra pegar um táxi e ver o táxi indo embora. Naquele momento pedi muito a Deus que aplacasse a saudade e que me desse a oportunidade de lhe ver novamente, de lhe trazer pra cá pra passearmos.
Deu tudo errado, vó. Fiz péssimas escolhas e só agora estou erguendo minha cabeça...e você tá aí, morrendo todo dia...me deixando aqui sozinha sem avó...sem me contar tudo que ainda teria pra contar...sem me dar um beijinho, sem me trazer natas batidas, sem costurar uma blusa e eu não tô aguentando, não me conformo e não entendo porque ficou mal tão depressa. Eu simplesmente não suporto essa situação porque nunca senti nada parecido antes.
Já tô acreditando em reencarnação, em encontros no céu, no inferno, no limbo...sei lá...qualquer lugar que for eu quero novamente poder te abraçar e dizer o quanto te amo e o quanto sinto sua falta, e o quanto eu gostaria que muita coisa tivesse sido diferente, 
Ai vó, eu tô demorando muito a amadurecer e tenho a maior dificuldade do mundo só de imaginar que um dia posso ficar só no mundo sem vocês que eu amo tanto.
Ontem eu estava na cama, quase dormindo e de repente me veio a imagem da minha irmã e da minha mãe se despedindo de você no aeroporto. Que droga, como isso deve ter doído em voces 3...saber com quase toda a certeza no mundo que não haveria mais nenhum reencontro...desses que tivemos a vida toda nos aeroportos, na alegria do abraço, nas lágrimas de despedida que caiam com aquela esperança certa de que era só uma questão de tempo para se abraçarem novamente. Acabou esperança, né vó?
Tá morrendo com você um pedaço gigantesco da minha alegria de viver...e eu só quero que voce saiba que te amo, te amo e te amo imensamente, vou sentir um vazio enorme, vou sentir muitas saudades, vou lembrar de momentos maravilhosos que passamos juntas...não esqueço aquela vez lá na fazenda que eu levei uma trívia e você fazendo crochê falou as coisas mais engraçadas do mundo a ponto de fazer todo mundo passar mal de tanto rir, ou de chegar lá na fazenda e você estar dentro da piscina com um coador de cozinha recolhendo as folhas que caiam. Ou aquela sexta da paixão que você brigou muito conosco porque tava todo mundo falando e você queria todo mundo durante as 3 horas de agonia em silêncio, hahaha...como se isso fosse possível para nós. Ficar calados. Ou quando eu dormia no seu quarto e acordava as 6 da manhã pra ouvir a missa na tv... os seus mimos, o seu carinho, suas conversas com a tv, suas perninhas incansáveis. lembro de tudo vó. E te amo, te amo muito. E a gente já vai se encontrar por ai ... até daqui a pouco. Te amo.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

 E vamos lá, 2021 começando e a gente resolveu fazer um blog só pra escrever, desabafar, elocubrar, filosofar ou mesmo falar das amenidades do nosso dia-a-dia.

Essa pandemia tá pesada, acredito que o mundo tá com depressão. Pelo menos as pessoas como eu, que amam uma bagunça, uma muvuca.

Agora é esperar essa vacina pra sair por ai enlouquecida lambendo corrimão.

MENSAGEM TESTE

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segunda-feira, 20 de janeiro de 2014 Minha vó Não é a primeira vez que eu falo da minha avó, mas falei numa outra vida. O que acontece é que...